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Café e Vinho: Comparações Incomparáveis

Café e Vinho: Comparações Incomparáveis

Nos últimos tempos, o Café vem sendo freqüentemente comparado ao vinho. Seu processo de cultivo, cuidado no preparo da bebida e principalmente a degustação são os aspectos que mais se assemelham.

Apesar da comparação, poucos conhecem o fato de que a palavra café, em sua origem – qahwa, do árabe, significa vinho. Isso porque quando os primeiros frutos do café foram descobertos, doces e redondos como uvas, foram feitas as primeiras infusões, já que do seu bagaço, e não da semente, se extraía os açúcares que davam sabor à bebida. Com a evolução dos preparos, do fruto à torra do grão, o qahwa (prouncia-se ‘cauá’) tornou-se café, diferenciando-se do então, vinho.

A redescoberta do café como bebida especial – conceito hoje utilizado para os cafés de altos padrões de qualidade, também chamados gourmet, – digo redescoberta pois para mim o café sempre foi uma bebida especial, tem aproximado as duas culturas de forma que ambas, de fato  se assemelham em toda a sua cadeia produtiva, sendo desde a fase do plantio e colheita, onde todos os aspectos da natureza mais interferem: terroir, tradição das cepas, secagem do fruto,  seleção na colheita; na fase de preparação da bebida e sua produção: preparação dos blends ou assemblages, fermentação ou torra, envase; e, principalmente, na fase da degustação, onde muitas nuances e aromas se encontram.

Após tantas comparações e comprovações históricas e organolépticas do paralelo traçado entre o café e o vinho, ainda existe a incomparável situação em que consumidores da alta-gastronomia, como chefes de cozinha, donos de restaurantes e seus próprios clientes, que exigem de seus restaurantes excelentes pratos e excelentes vinhos, em muitos casos pouco se importam com a qualidade do café, o que deveria ser a chave da porta de saída do restaurante. Com isso, acabam encerrando suas excelentes refeições com cafés não excelentes.

É fato que, com menos de R$100,00 (garrafa) dificilmente se deguste um vinho de qualidade excepcional, de boa safra e bodega de tradição. Claro que isso pode variar um pouco para menos e muito para mais. Entretanto, é fato também que, o Brasil tem, sem dúvida, alguns dos melhores cafés do mundo e que, com uma média de R$30,00 (1Kg), não muito menos, nem muito mais, é possível degustar dos melhores blends gourmets do país e, consequentemente do mundo. O incomparável está em que: paga-se tranquilamente R$100,00 para uma garrafa de vinho em um almoço ou jantar – o que rende uma média de 7 taças, e quando o café espresso, mais conhecido como o “cafezinho”, chega custando mais de R$2,00 ou, uma média de R$30,00 para 1Kg – o que rende mais de 100 xícaras de espresso, a degustação fica mais amarga do que deveria.

Certamente o consumidor curitibano, seguindo as tendências européias, já vem se adequando aos novos padrões de degustação e, por consequência, recebendo o café espresso como “o último capítulo” de um livro chamado almoço e jantar.
E como em todo último capítulo, espera-se um final feliz.


Por: Carlos Eduardo da Costa

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